Diabetes
cresce no País; saiba como tratá-la
Pelo menos 5,6% da população brasileira tem algum tipo de diabetes, segundo
dados do Ministério da Saúde, quase 10 milhões de pessoas são diagnosticadas
com a doença.
No entanto, como o diabetes é silencioso e demora a apresentar sintomas,
o número pode ainda ser maior – especialistas estimam em cerca de 15 milhões os
diabéticos no Brasil.
O número de casos vem crescendo.
Entre os homens, entre 2006 e 2011, a presença de diabéticos passou de
4,4% da população para 5,2%. É fácil de entender: o diabetes está diretamente
ligado ao excesso de peso – que também vem aumentando no País e, em cinco anos,
o número de obesos subiu 28% no Brasil.
A boa notícia é que a doença tem
tratamento – e pode ser diagnosticada cedo e pode ser controlada.
O que é o diabetes?
Popularmente chamada de "açúcar
no sangue", o diabetes é a elevação da glicose na corrente sanguínea, de
acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes.
O sistema funciona da seguinte forma:
os alimentos são digeridos e se transformam em glicose, absorvida para o sangue.
Ela é usada como energia pelos
tecidos a partir da insulina, uma substância produzida pelo pâncreas.
Quando há uma falha nesse sistema,
surge o diabetes. "O diabetes é uma alteração no funcionamento
pancreático, na liberação ou na ação da insulina nos tecidos", explica o presidente
da Sociedade Brasileira de Diabetes, Balduino Tschiedel.
Ainda
que não exista uma cura definitiva para a doença, o diabético pode ter uma vida
longa e saudável se seguir com atenção e cuidado o tratamento proposto pelo seu
médico.
É fundamental salientar, antes
de tudo, que a responsabilidade pela eficácia do tratamento deve ser
compartilhada sempre entre médico e paciente.
E que se houver um controle eficaz dos níveis de glicose, por parte do paciente, seja na escolha dos alimentos que consome ou na monitoração correta do açúcar em seu sangue, será possível conviver com a doença por muitos anos, sem que surjam complicações graves como a nefropatia ou a retinopatia diabética.
E que se houver um controle eficaz dos níveis de glicose, por parte do paciente, seja na escolha dos alimentos que consome ou na monitoração correta do açúcar em seu sangue, será possível conviver com a doença por muitos anos, sem que surjam complicações graves como a nefropatia ou a retinopatia diabética.
TRÊS FORMAS DE CONTROLE
O tratamento dos diabéticos envolve, pelo menos, três aspectos importantes: dieta, exercícios e medicamentos.
Alimentação adequada
Deve incluir 50 a 60% de carboidratos, 30% de gorduras e 10 a 15% de proteínas.
Os carboidratos simples, como
açúcares, devem ser evitados. E os complexos (massas, pães, amidos, farinhas e
tubérculos), ingeridos em cinco a seis porções por dia.
Cortar as gorduras saturadas presentes em
carnes gordas, embutidos, frituras, laticínios integrais, molhos e cremes e
alimentos refogados com excesso de óleo.
As proteínas devem corresponder a duas
porções de carne ao dia.
A alimentação deve ser rica em fibras, vitaminas
e sais minerais, o que é obtido pelo consumo de duas a quatro porções de
frutas, três a cinco porções de hortaliças, e dando preferência a alimentos
integrais.
Não é recomendável a ingestão de bebidas
alcoólicas, especialmente por pacientes obesos, com aumento de triglicérides e
mau controle metabólico.
Atividade física
A rotina de exercícios consome energia e,
por tabela, diminui os níveis de glicemia, além de melhorar a eficiência da
insulina, reduzindo muitas vezes as doses terapêuticas necessárias.
Adaptado à capacidade física de cada um, o
exercício deve ser praticado diariamente, mas sem excessos.
O diabético jamais deve praticar esportes
em jejum ou mal alimentado, porque isso provoca uma queda brusca nos níveis de
glicose, levando à hipoglicemia. Por precaução, deve ter sempre um carboidratos
simples (açúcar, balas) à disposição.
Não se deve fazer exercícios pouco antes de
dormir. Caso contrário, o atleta com diabetes corre o risco de ter uma queda de
glicemia no sono.
Se possuir um glicosímetro, os diabéticos
deveriam medir a glicemia antes, durante e após o exercício, algumas vezes.
O diabético deve evitar os exercícios
quando a glicemia estiver acima de 240 mg/dl ou abaixo de 100 mg/dl.
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
Os remédios variam de acordo
com o tipo da doença, e só o médico pode avaliar qual o mais indicado para cada
caso. Assim, os diabéticos tipo 1, que não produzem nenhuma insulina, devem receber
o hormônio por via injetável, já que a insulina é destruída na mucosa gástrica
pelas substâncias que fazem parte do processo digestivo. Estes pacientes também
são chamados de insulino-dependentes.
Já o diabético tipo 2, muitas
vezes consegue compensar seu diabetes apenas com dieta. Muitos pacientes obesos
mantêm-se totalmente compensados apenas chegando a seu
Insulina: medicação principal para
diabéticos tipo 1 e 2 que não responderam aos hipoglicemiantes orais.
Atualmente, estão disponíveis várias apresentações de insulina, conforme
origem, tempo de ação e concentração.
As primeiras insulinas eram de
origem bovina. Então, verificou-se que a molécula da insulina de porco era
semelhante à molécula de insulina humana e esta passou a ser padronizada. Há também
insulinas semelhantes às produzidas naturalmente pelo organismo humano, obtidas
por meio de técnicas de engenharia genética.
Quanto ao tempo de ação, as
insulinas podem ter: ação intermediária (NPH e lenta), rápida (regular ou
simples) ou ultra-rápida. Estão disponíveis ainda combinações de insulinas de
ação curta e intermediária. As de ação intermediária duram entre 20 e 24 horas
e destinam-se ao controle diário. Já as de ação rápida atuam aproximadamente 30
minutos após sua aplicação, com duração de 6 a 7 horas e são usadas no
tratamento de descompensações diabéticas, emergências ou como complementação do
controle diário. Por fim, a ultra-rápida deve ser utilizada imediatamente antes
da refeição, pois começa agir em 15 minutos.
O diabético deve aplicá-la de
manhã e complementando-a em outros horários, se necessário, conforme orientação
médica. O ideal é que ele assuma seu tratamento, aprendendo a aplicar a
insulina e ficando, dessa forma, independente de outras pessoas.
peso ideal. Outros, porém, necessitam
de medicamentos para estabilizar os níveis de açúcar no sangue. Existem dois
grupos de medicamentos utilizados no tratamento do diabetes:
Hipoglicemiantes orais: indicados para o controle de pacientes com
diabetes tipo 2. De acordo com o médico Márcio Krakauer, essas drogas podem ser
divididas em quatro categorias:
a) Os secretagogos, como as
sulfoniluréias, que estimulam o pâncreas a produzir mais insulina;
b) Os sensibilizadores, que
ajudam a insulina a agir com mais eficácia. São mais indicados para tratar os
casos de resistência à insulina;
c) Inibidores de alfa-glicosidase, que
retardam a absorção dos carboidratos pelo intestino;
d) Incretinas, que agem em diversos locais do
organismo: aumentam a ação do GLP-1 (Glucagon Like Peptide-1) favorecendo a
produção da insulina, reduzem o apetite e ajudam na regeneração das
células-beta, produtoras de insulina.
O que há de novo
Ainda não encontrada comercialmente, a insulina inalável promete livrar os pacientes das picadas provenientes das injeções diárias do hormônio. Essa nova forma de administração é composta de microcristais de insulina acondicionados em um sachê e colocado em um aparelho que, por inalação, levará o hormônio até os pulmões. Estudos comprovam que a ação da insulina inalável é semelhante a da injetável ultra-rápida. "Estudos mostram que a insulina inalável apresenta alguns problemas. Como é um pó, pode irritar as vias aéreas e provocar tosse. Pacientes com problemas respiratórios, como asma, também não devem usá-la. E ela ainda pode ter uma ação irregular, provocando crises de hipoglicemia com mais freqüência", acredita o médico Fadlo Fraige, professor titular de Endocrinologia da Faculdade de Medicina do ABC.